O nome “Oyá” significa: ela transforma em dois.
Inicialmente ela recebe este nome pois torna-se dona de um rio.
Posteriormente foi apelidada como Iansã (Yánsàn), de origem "Ìyá ommo mésàn"
que significa Mãe de Nove (que será explicado nas lendas dela).
Agora, por que o Orixá é chamado de Oyá?
Os Ipôs estavam ameaçados de destruição pelos Tapás. Para que isso não acontecesse foram feitas oferendas com as roupas do rei dos Ipôs. Duas galinhas foram ofertadas
e a roupa teve que ser rasgada em duas para sacrificar as galinhas em duas oferendas.
No momento do corte, fortes ventos e raios se formaram. As galinhas puseram-se a cacarejar surpresas. Diz-se que até hoje, em todo corte para Oyá, elas sentem a presença de Oyá e cacarejam antes de irem para o sacrifício. Desta forte ventania, surgiu a tempestade que dividiu o rio em duas partes que inundou um dos lados que se enfrentavam. Ou seja, os Tapás foram afogados e os Ipôs saíram vitoriosos devido à divindade dos ventos. Foi a partir daí que os habitantes de Ipô batizaram o Rio de Odò-Oyá (Rio de Oyá = Rio de duas partes) e por isso este Orixá recebeu este nome.
Dia da semana:
Terça-feira.
Saudação:
"Epá iê iô" / "Èpà Heyi" - Saudamos os majestosos raios e ventos de Oyá!
Epá Heyi = saudação a um dos raios dela, para que venha com calma
Epá = seria como a nossa exclamação: “Ei!”
Heyi – raio de Oyá.
(antigamente o nome de um escravo que se tornou, posteriormente,
um comunicador entre as pessoas e ela, como um raio.)
Cor:
Vermelho e branco.
Parte do corpo que rege:
Olhos e sistema digestivo.
Vermelho e branco.
Parte do corpo que rege:
Olhos e sistema digestivo.
Ferramentas:
Punhal, aliança, espada, chifre de búfalo, taça, Eruexím (Eruesín) que é o rabo de cavalo.
Sobrenomes de Orixá:
Niqué, Fomiqué, Timboá, Nidê, Nirê, Dê, Fanquê, Bocí, Dinadá, Miê, Demí, Insu, Egúnitá, Ladê, Taladê, Bomí, Bossí, Tolá, Duaê, Tuqué e Dirã.
Sendo Oyá Timboá, um Orixá de rua.
SOBRE ESTE ORIXÁ
Deusa guerreira, a mais agitada dos Orixás femininos. É também a dona do teto e da aliança. Atua em todos os campos que envolvam o relacionamento amoroso e,
por isso, é muito solicitada para resolver casos de união.
Oyá é a força dos ventos, dos raios e furacões, das brisas que acalmam,
das coisas que passam como o vento, dos amores sensuais e passageiros
e das tempestades que assolam a existência, mas não duram para sempre.
Orixá do fogo, dona da alegria e da paixão que arde como o fogo. Ela é o desejo incontido, o sentimento mais forte que a razão. A frase "estou apaixonado" tem a presença e a regência de Oyá, que é o Orixá que faz nossos corações baterem com mais força e cria em nossas mentes os sentimentos mais profundos, abusados, ousados e desesperados. É o ciúme doentio e o fascínio enlouquecido. É a paixão propriamente dita. É a falta de medo das consequências de um ato impensado no campo amoroso.
Oyá rege o amor forte e violento.
Controla o Ygbalé (casa dos mortos). Além disso, é a Senhora dos Egúns (espíritos dos mortos), dos quais controla com um rabo de cavalo chamado Eruexím. É ela que servirá de guia, ao lado de Xapanã, para aquele espírito que se desprendeu do corpo.
Esta música é uma homenagem de Daniela Mercury (filha de Xangô com Oyá).
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LENDAS
Oyá e os Egúns:
Oyá lamentava-se de não ter filhos. Embora a carne de cabra lhe fosse recomendada, ela comia a de carneiro. Oyá consultou um babalaô, que lhe revelou seu erro, aconselhando-a a fazer oferendas. Tendo cumprido essa obrigação, Oyá tornou-se mãe de nove crianças,
o que se exprime em Yorubá pela frase: "Ìyá ommo mésàn", origem de seu nome Iansã.
Oito nasceram mudos e surdos e o último nasceu um Egún e graças aos sacrifícios recomendados por Ifá, nasceu com o poder de falar com voz estranha e sobrenatural
que imita a voz do macaco africano chamado Ijimaré.
Oyá, portanto é o único orixá capaz de enfrentar e dominar os Egúns.
Oyá Conquista os Orixás masculinos e o Amor de Xangô:
Antes de ter sido esposa de Xangô, Oyá percorreu vários reinos.
Em Oxògbô, terra de Oxáguiàn, aprendeu e recebeu o direito de usar o escudo.
Deparou-se com Bará nas estradas e com ele se relacionou e aprendeu os mistérios da magia. No reino de Odé, seduziu o deus da caça, aprendendo a caçar, tirar a pele do búfalo e se transformar naquele animal com a ajuda da magia aprendida com Bará.
Oyá partiu, então, para o reino de Xapanã, pois queria descobrir seus mistérios e até mesmo conhecer seu rosto, mas nada conseguiu pela sedução. Porém, Xapanã resolveu ensinar-lhe a tratar dos mortos. Oyá aprendeu a conviver com os Egúns e controlá-los. Em Ifé, terra de Ogum, foi a grande paixão do guerreiro. Aprendeu com ele e ganhou o direito do manuseio da espada. Partiu, então, para Oyó, reino de Xangô, e lá acreditava
que teria o mais vaidoso dos reis, e aprenderia a viver ricamente.
Mas, ao chegar ao reino do deus do trovão, Oyá aprendeu muito mais.
Xangô enviou-a em missão na terra dos Baribas, a fim de buscar um preparado que,
uma vez ingerido, lhe permitiria lançar fogo e chamas pela boca e pelo nariz.
Oyá desobedecendo às instruções do esposo, experimentou esse preparado,
tornando-se também capaz de cuspir fogo.
E para completar, aprendeu a amar verdadeiramente pois Xangô deu a ela o seu coração.
Oyá amou Xangô e como prova disto, sempre envia seus ventos e raios para o mundo e anuncia a chegada dos trovões de Xangô. E por isso, aparece no ritual antes de Xangô.
Oyá e os Chifres de Búfalo:
Ogum foi caçar na floresta. Colocando-se à espreita, percebeu um búfalo que vinha em sua direção. Preparava-se para matá-lo quando o animal, parando subitamente, retirou a sua pele. Uma linda mulher apareceu diante de seus olhos. Era Oyá. Ela escondeu a pele e dirigiu-se ao mercado da cidade vizinha. Ogum apossou-se do despojo, escondendo-o
no fundo de um depósito de milho, ao lado de sua casa, indo, em seguida,
ao mercado fazer a corte à mulher-búfalo.
Ele chegou a pedí-la em casamento, mas Oyá recusou inicialmente. Entretanto, ela acabou aceitando porque quando voltou à floresta, não mais achou a sua pele. Oyá recomendou ao caçador a não contar seu segredo. Viveram bem durante alguns anos.
Ela teve nove crianças, o que provocou o ciúme das outras esposas de Ogum.
Estas, porém, conseguiram embebedar Ogúm e descobriram o segredo da aparição da nova mulher. Logo que o marido se ausentou, elas começaram a cantar:
"Máa jê, máa mú, àwô rê nbé nínú àká", ("Você pode beber e comer e exibir sua beleza mas a sua pele está no celeiro, você é um animal").
Oyá compreendeu a alusão; encontrando a sua pele, vestiu-a e voltando à forma de búfalo, matou as mulheres ciumentas. Em seguida, deixou os seus chifres com os filhos, dizendo: "Em caso de necessidade, batam um contra o outro,
e eu virei imediatamente em vosso socorro".
Esta lenda é mostrada em um trecho da Série Mãe de Santo.
Clique no botão PLAY no vídeo e confira!
Ogum Megê (sete) e Oyá Mésàn (nove):
Segundo a lenda, Oyá vivia feliz com Ogum, pois os dois tinham muitas coisas em comum, como o gosto pela guerra e o desejo de desbravar novos lugares. Gostavam da companhia um do outro, sentindo-se em harmonia. Com ele, que é conhecedor de todos os caminhos, Oyá aprendeu a andar pela Terra. Gostava muito de vê-lo trabalhar, em seu ofício de ferreiro, tentando aprender com ele como confeccionava suas armas e ferramentas. Oyá pedia insistentemente que lhe fizesse uma arma para guerrear.
Um dia, Ogum a surpreendeu, oferecendo-lhe uma espada curva, que era ideal para seu uso. Mas Ogum não a levava em suas batalhas, deixando-a sozinha e entediada. Sem falar no tempo que gastava em seus afazeres de ferreiro. Oyá adorava a liberdade, mas ao mesmo tempo, não dispensava uma boa companhia. Começou a sentir-se rejeitada por ele. Foi nesse momento que Xangô, o grande rei, foi procurar Ogum, pois precisava de armas para seu exército. Ele era muito atraente e cuidadoso com sua aparência.
Era impossível não notar sua presença.
Ogum, aceitando o pedido, começou a produzir armas para Xangô, que tinha muita urgência. Ficaria na aldeia o tempo necessário para o término do serviço.
Xangô também notou a presença de Oyá, sentindo uma grande atração por ela. Aproximou-se dela para trocar conhecimentos a respeito de suas habilidades. Descobriram, nessas conversas, que possuíam muitas afinidades, inclusive
que não gostavam de viver isolados, assim como Ogum.
Xangô propôs-lhe uma união eterna, sem monotonia, sem solidão, viajando
sempre juntos por toda a Terra. Seria uma união perfeita.
Quando Ogum terminou seu trabalho, os dois já haviam partido. Ele ficou enfurecido
com a traição de ambos. Partiu atrás deles para vingar sua desonra.
Oyá estava vindo ao seu encontro para explicar-lhe que não poderia mais ficar com ele pois Xangô a completava, mas que o respeitaria sempre como o grande Orixá da guerra.
Ogum estava tão enfurecido, que não ouviu o que ela dizia, e foi com grande fúria que investiu contra ela, erguendo sua espada. Oyá, em defesa própria, também o atacou.
Ela foi golpeada em nove partes do seu corpo e Ogum em sete.
O ARQUÉTIPO DOS FILHOS DE OYÁ
Os filhos de Oyá estão sempre apaixonados ou se apaixonando, pois este orixá
é a regente dos sentimentos fortes e audaciosos. Não estou aqui falando só de relacionamentos amorosos mas também entram de cabeça e apaixonam-se por novos assuntos, novidades e ideologias. Também estão propensos a ataques de raiva, atitudes súbitas e imprevisíveis que costumam fascinar ou aterrorizar. São pessoas diretas, ciumentas, possessivas, muitas vezes se mostrando incapazes de perdoar qualquer traição. Ao mesmo tempo, costumam ser amigas fiéis para os poucos escolhidos
de seu círculo de amigos, família e relações amorosas.
Características Positivas:
Pessoas prestativas. Em certos momentos comunicativas, falantes e amigas e de uma hora para outra são sensíveis e reservadas. Perseverantes, sabem o que querem mas nem sempre os outros sabem o que elas realmente querem. São dotadas de muita imaginação, decisões rápidas e audaciosas. Charmosas, delicadas e atraentes.
Características Negativas:
São vingativas, se aborrecem facilmente, perdoam mas nunca esquecem. Gostam de intrigas e fofocas. Extremamente agitadas, confusas, ciumentas e possessivas (não só no sentido amoroso, mas também em amizade e família). Atrás da meiguice se esconde um forte antídoto, que nem sempre pode fazer bem ao próximo.
O HOMEM DE OYÁ
Dotado de espírito extremamente forte, é capaz de enfrentar tudo que o destino colocar em sua vida, dotado de olhos expressivos, irradia uma personalidade determinada e de força positiva. Amoroso, generoso, leal, capaz de emoções profundas mas, no entanto, é fofoqueiro e capaz de vingar-se cruelmente a afrontas recebidas, tratar friamente quem mais ama, viver de forma egoísta e ter explosões violentas. Tem inata habilidade de lidar com o oculto e está preparado espiritualmente a animar e controlar seus irmãos.
A MULHER DE OYÁ
São mulheres festeiras, sensuais, ousadas, falam o que pensam e sofrem muito, seja por qualquer motivo, especialmente no amor. Surpreendente pelos defeitos e qualidades que possui. Adora a liberdade e não admite perdê-la. De temperamento forte, precisa de suavidade em sua vida, só que às vezes confunde suavidade com fraqueza e sonhos com romantismo. É exigente e afetiva. Quando estão infelizes tendem a ter surtos de raiva, chorar às escondidas ou dormir demais. Algumas ciumentas e fazem parecer com que seja impossível delas esconder qualquer coisa. Capacidade de captar erros ou descobrir mentiras ou segredos como se adivinhassem, embora sejam investigadoras e curiosas, descobrem as coisas por intuição, um lampejo, uma idéia que lhe vem à mente.
Mesmo sabendo de mentiras, para proteção própria ocultam a descoberta.
Excelentes médiuns. Separações, doenças hereditárias e mortes súbitas de pessoas
estão presentes em sua vida como forma de ligá-las a seu Orixá pois a morte
e a regeneração são uma constante no destino de Oyá.
REZAS
Para finalizar, colocarei algumas rezas (adúras) e traduções.
Será muito bom dançar para Oyá sabendo a tradução destas rezas.
OYÁ NIDÊ/NIKÊ:
Axé: A maia, maia, maia, maiô, maiô, Oyá dé mocêkébà, maiô maiô.
Resposta: A maia, maia, maia, maiô, maiô, Oyá dé mocêkébà, maiô maiô.
Tradução literal:
Quebrou, quebrou, Alegria, Alegria, Alegria!
Oyá transmite delicadeza mas quebrou a tristeza, quebrou quebrou.
Tradução simbólica:
Com seu olhar, ela quebra em pedaços a tristeza.
E transmitindo delicadeza, traz a alegria!
Axé: Oyá dè LOyá, Oyá dè LOyá, lanu pewó, Oyá de LOyá.
Resposta: Oyá dè LOyá, lanu pewó, Oyá de LOyá.
Axé: Ô lanu pewó.
Resposta: Oyá de LOyá.
Axé: Oyá má té ariwò, àkàrà rò oyin jó kó lò.
Resposta: Oyá má té ariwò, àkàrà rò oyin jó kó lò.
Axé: Oyá lùpà dewò iansã bewó, àkàràrò oyin jó kó lò.
Resposta: Oyá má té ariwò, àkàràrò oyin jó kó lò.
Tradução:
Oyá esconda os raios, e faça seu akará regado a mel e sirva-o.
(Àkàrá = bola de fogo). (dança com a saia no balanço do vento)
OYÁ TIMBOÁ
Axé: Adô Adô a sèmá, Adô semí LOyá.
Resposta: Adô Adô a sèmá, Adô semí LOyá.
Axé: É um a sèsé um a sèsé. (4 vezes)
Resposta: Oyá. (4 vezes)
Axé: amá má má má má má dó quê.
Resposta: É uma sèsé uma sèsé, Oyá má dó quê.
Tradução:
Está acompanhando o chão habitualmente, Oyá me mantém vivo através do chão.
Ela me mantém vivo, Oyá. Ela me mantém vivo, Oyá. Habitualmente, habitualmente, mantém a verdade ao alto. Ela me mantém vivo, Oyá mantém a verdade ao alto.
Chão = obrigação (deitar para seu Orixá).
Condução de Eguns (juntamente com Ogum, Xangô Aganjú e Bará Lodê):
Axé: Alá wê pá fùú he, ê pá.
Resposta: Ê pá.
Axé: Alá wê pá fùú he, e pá.
Resposta: Ê pá.
Axé: Yànsán? lé pa fúù he.
Resposta: E pá.
Axé: Ogún lépa' kú ye.
Resposta: E pá.
Axé: Aganjú ô ní Bará, ê pá.
Resposta: Ê pá.
Axé: Alá wê pá fùú he, e pá.
Resposta: Ê pá.
Tradução:
Yansã pode levantar? e matar com sua voz {som dos ventos}.
Ogum, Aganjú e Bará afastem a morte por favor.
Encaminhamento de Eguns com Eruexím (juntamente com Bará e Ogum):
Axé: Ogum Oyá ô eléu eléu eléu aisô.
Resposta: Oyá ô eléu eléu eléu aisô
Axé: Oyá ô eléu eléu eléu aisô.
Resposta: Oyá ô eléu eléu eléu aisô.
Axé: Ogum Oyá ô lebê tè.
Resposta: ó lebê.
Axé: Bara Oyá ô lebê tè
Resposta: ó lebê.
É uma grande responsabilidade falar de meu Orixá de corpo, da qual tenho paixão incondicional e propositalmente minha madrinha Indiara foi escolhida por ser filha de Oyá. Também quero dedicar este post ao empenho em me dar forças para continuar vindos de minha mãe e de minha amiga Vanda de Oxum Docô. Agradeço também a todas as pessoas que vem falar comigo e dizem: "E o blog???" - isto me dá forças também para seguir em busca do conhecimento.
Espero que a Grande Mãe Oyá sinta a mesma honra de receber esta homenagem assim
como sinto-me honrada de sentir a grande vibração que tive ao escrever sobre ela.
Já são mais de 2.800 visitas desde que comecei o Blog Orixá Sol!
O número de seguidores triplicou e fico muito feliz com isso.
Espero que tanto os filhos de Oyá, quanto as pessoas que amam esta religião tenham aprendido, assim como eu, um pouco mais sobre esta bela divindade!
Epaiêiô!
Ju de Xangô Agodô.